terça-feira, 25 de agosto de 2015

Jerry Walls, Calvinistas e Assassinato de Reputações

      Desde já adianto que não são todos os calvinistas que têm essa prática, mas sim calvinistas intolerantes, sectários e incoerentes. Desde que tomei conhecimento do livro O Lado B(om) do Calvinismo escrito pelo dr. Ricardo Quadros Gouvêa, pastor presbiteriano da IPB, livro este publicado pela Fonte Editorial, separo os calvinistas de viés fundamentalista e os de viés dialogal. O livro ao qual me refiro está abaixo:
                                                      
                                   

     O título do artigo tomei emprestado de um livro de Romeu Tuma Júnior que tem o título Assassinato de Reputações, que se refere ao que os petistas fazem quando alguém enfrenta e denuncia as corrupções e incoerências dos políticos do PT (principalmente Lula, Dilma, Dirceu e Genuíno). Veremos neste breve artigo que os calvinistas fundamentalistas fazem o mesmo de quem discorda e mostra as incoerências do calvinismo. O livro de Tuma Júnior está abaixo:



       Sobre Jerry Walls, a editora Reflexão trouxe-o neste mês de agosto para um congresso com a finalidade de falar de seu livro publicado em parceria com Joseph Dongell por esta editora chamado Por Que Não Sou Calvinista. Daí, muitos calvinistas fundamentalistas estavam tentando assassinar a reputação do dr. Walls, principalmente na página do facebook da editora Reflexão, escrevendo coisas como "esse cara defende o purgatório", "contra o calvinismo vale tudo, até trazer um herege que crê no purgatório". Uns, em tom irreverente, zombeteiro e inconveniente, ironizavam escrevendo "vai falar sobre purgatório?".

       Jerry Walls crê no purgatório, mas em um sentido diferente do catolicismo romano. Não alongando muito sobre a crença dele (que discordo, mas respeito muito), ele crê que os salvos (só os salvos) precisam ser purificados de todos os pecados em Cristo (só em Cristo) antes de adentrarem no Reino de Deus. Quem quiser saber mais a respeito, adquira o livro dele. Imagem abaixo:


       A questão principal deste artigo é que vi muitos calvinistas fundamentalistas escreverem que os arminianos trazem até adeptos de heresias (segundo o entendimento deles) para criticarem o calvinismo, ou seja, para eles foi um absurdo os arminianos trazerem Walls para um congresso porque ele crê no purgatório. 

       Mas, aos calvinistas fundamentalistas que escreveram que trazer um adepto do purgatório para palestrar é inadmissível, tenho umas questões que eles precisam encarar abertamente e pensar muito a respeito. Vi e vejo muitos calvinistas fundamentalistas compartilharem e citarem positivamente declarações e trechos de livros de Agostinho de Hipona, que não só cria no purgatório, mas também na oração pelos mortos, intercessão de Maria e dos santos, regeneração batismal, inspiração de livros apócrifos e outras crenças que os calvinistas fundamentalistas têm por heresia. A pergunta é: Por que os arminianos não podem trazer um adepto da crença do purgatório (que é diferente do entendimento de Agostinho, por exemplo) para palestrar, sendo que ele nem falou sobre purgatório, mas os calvinistas fundamentalistas podem citar positivamente escritos de Agostinho? Isso não seria dois pesos e duas medidas e uma incoerência grande e absurda?

       Pode-se ir mais além. Se os arminianos não podem trazer um adepto da crença do purgatório para palestrar não sobre purgatório, mas sobre outro tema, e que é absurdo os arminianos gostarem de livros de um adepto da crença do purgatório, então os calvinistas fundamentalistas deveriam rejeitar o que Calvino lhes fala, pois Calvino cita positivamente mais de 400 vezes Agostinho nas suas Institutas e declara que Agostinho é o seu teólogo favorito. Isso pode, mas não pode no caso de Walls? De novo dois pesos e duas medidas e uma incoerência grande e absurda. Veja o que Calvino declara sobre Agostinho, que cria no purgatório e nas outras "heresias" elencadas acima:

    "Agostinho está tão inteiramente comigo, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia fazê-lo com toda a plenitude e satisfação para mim mesmo a partir de seus escritos”. João Calvino, “A Treatise on the Eternal Predestination of God” (Um Tratado sobre a Eterna Predestinação de Deus), em John Calvin, Calvin\’s Calvinism (João Calvino, o Calvinismo de Calvino), tradução de Henry Cole (Grandville, MI: Reformed Free Publishing Association, 1987), 38; citado em Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism (O Outro Lado do Calvinismo), 38.

      Ora, se não se pode ler ou assistir uma palestra de alguém que crê no purgatório, Calvino também deveria ser repreendido pelos calvinistas fundamentalistas. Mas a palavra coerência não é muito conhecida por eles.

       É sabido que um dos maiores apologistas da fé cristã, se não o maior, o anglicano C. S. Lewis, também cria no purgatório (Walls crê como Lewis). John Piper, em seu livro Em Busca de Deus, cita mais de dez vezes C. S. Lewis favoravelmente. Não só Piper, mas também J. I. Packer, Martyn Lloyd-Jones, Francis Schaeffer, Douglas Wilson, Timothy Keller e outros escritores calvinistas que gostam e citam favoravelmente C. S. Lewis deveriam ser repreendidos pelos calvinistas fundamentalistas que escreveram que não se deve dar atenção a quem crê no purgatório.

      Enfim, que não sejamos como a maioria dos petistas e dos calvinistas fundamentalistas que gostam de assassinar a reputação de todos aqueles que discordam e criticam os seus pensamentos.

       Graça e Paz.

4 comentários:

Felipe Borduam disse...

Excelente reflexão, Marlon. Que Cristo nos dê graça para sermos honestos em nossa fé. Não concordar com um posicionamento teológico não dá direito a parte discordante de caluniar, difamar e tentar denegrir a reputação de honestos e sinceros homens de Deus como Jerry Walls que tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e perceber sua piedade e espírito cristão.

Mais uma vez Parabéns!

Davi Caires disse...

Posicionamento coerente e irretocável. Parabéns pelo artigo, meu irmão.

Valdemir Pires Moreira disse...

Muito bom o comentário irmão Marlon Marques, digno de um apologista!

marcos lopez disse...

graça e paz

O artigo em si é muito fraco em suas argumentações. O fato de Agostinho ter errado, não que dizer que Calvino não apreciou seus escritos. Coisa diferente é trazer um orador que crê em doutrinas evidentemente catolicas, como o livre arbitrio e purgatorio e exalta lo como um dos melhores defensores do arminianismo.

marcos