terça-feira, 16 de novembro de 2021

"Escolas" Pentecostais: Cleveland (!) e Springfield (?) - Rick Wadholm Jr

 


Tradução: Marlon Marques

Recentemente me fizeram a seguinte pergunta via Facebook Messenger (veja, o Facebook pode ser útil e construtivo):

Você vê alguma diferença entre a “Escola de Springfield” e a “Escola de Cleveland” dentro do meio pentecostal? Se sim, o que você acha que elas são cada uma?

Minha resposta a esta pergunta está enraizada em numerosas conversas com vários outros estudantes de doutorado escrevendo sobre vários assuntos pentecostais e trabalhando para desenvolver teologias pentecostais construtivas. A pergunta desta pessoa foi o resultado de um bom amigo, Daniel Isgrigg (PhD, ABD), que usou a linguagem “Escola de Springfield” em seu trabalho de doutorado com relação à corrente de pentecostal das Assembleias de Deus bem como a outra anteriormente rotulada “Escola de Cleveland” (devido à sua localização em Cleveland, Tennessee [EUA], como parte do trabalho do Pentecostal Theological Seminary e mais propriamente do Center for Pentecostal Theology).

Veja minha resposta abaixo:

Tive várias conversas com Daniel Isgrigg sobre o uso do rótulo “Escola de Springfield”. É altamente problemático e o único (até onde sei) que o usou para escrever foi James K.A. Smith que escreveu “Escola de Springfield(?)” em uma nota de rodapé e não parece considerá-la como uma “escola” de pensamento ou metodologia. [1] Meu próprio argumento é que não é realmente uma “escola”, embora seja lá o que for, possa de fato representar as visões da maioria de interpretação, etc. dentro de círculos pentecostais mais amplos. No entanto, a Escola de Cleveland mantém ideias e métodos particulares [2], tem uma editora produzindo obras significativas de teologias pentecostais construtivas, opera o Journal for Pentecostal Theology e continua a produzir numerosos PhDs seguindo suas trajetórias.

Acredito que a resposta de acompanhamento do meu amigo no Facebook representa em grande parte as distinções, mesmo que apenas a de Cleveland pudesse ser chamada de "escola" no sentido adequado pelos meus cálculos.

Minha observação (talvez eu esteja errado) é que a "Escola de Springfield" seja mais reformada, evangélica, dispensacionalista, fundamentalista, enquanto a "Escola de Cleveland" seja mais wesleyana e se esforça para produzir uma distinção hermenêutica entre o pentecostalismo e o resto do evangelicalismo. A Escola de Cleveland *parece* estar mais confortável com a Grande Tradição da Igreja do que a “Escola de Springfield”. Estou errado? Parece haver um “sentimento” diferente, por falta de uma palavra melhor.

Como tal, meu argumento é a favor de uma legítima Escola de Teologia Pentecostal de Cleveland em crescimento, mas permaneço não persuadido de que qualquer “Escola de Springfield” real já se formou em algo comparável [em relação à de Cleveland]. Não quer dizer que não vá ou que as instituições (editoriais e acadêmicas) a ela associadas não tenham produzido nada. Eles fizeram e continuarão a fazê-lo, mas não neste ponto da mesma maneira distinta que a Escola de Cleveland, mais apropriadamente rotulada.

      Transparência total: Sou ordenado e leciono/administro em uma faculdade associada a Springfield, mas estou concluindo um doutorado pela Escola de Cleveland e faço grande uso de suas ferramentas metodológicas e espirituais.

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[1] J.K.A. Smith, Thinking in Tongues (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2010), p. 6n13 [Pensando em Línguas. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, p.39), é a nota de rodapé em que Smith questiona se pode haver uma “Escola de Springfield (?)

[2] K.J. Archer, ‘The Making of an Academic Pentecostal Tradition: The Cleveland School’. Artigo apresentado na Society for Pentecostal Studies (março de 2016). Archer defende neste artigo uma série de figuras-chave relacionadas à “Escola de Cleveland”, bem como certas características dela, como hermenêutica, epistemologia e espiritualidade.


Nota do Tradutor:

P.s: Para a ler a postagem original, clique aqui.

P.s 2: Quando é mencionada a Escola de Springfield como "reformada" não é no sentido soteriológico calvinista, mas sim "reformada" no sentido de não ser wesleyana na pneumatologia, pois, durante os dez primeiros anos do pentecostalismo, todos os pentecostais vieram do Movimento de Santidade, que é wesleyano.