sexta-feira, 16 de maio de 2014

As Maravilhosas Incoerências Calvinistas em J. C. Ryle e Charles Spurgeon

     



Diferente de alguns calvinistas, dentre estes notáveis calvinistas, vejo uma certa incoerência com o pensamento calvinista deles. Quero destacar neste artigo dois grandiosos calvinistas que contribuíram muito para o Reino de Deus. São eles J. C. Ryle e Charles Spurgeon. Indubitavelmente suas pregações e escritos têm uma beleza e toques do Santo Espírito! Muitas pessoas vêm se deliciando no Senhor com suas prédicas, sejam escritas, no século passado e agora, ou, no século XVIII, presencialmente com eles.

     Comecemos com J. C. Ryle (1816 - 1900). Este nobre bispo anglicano defendia o calvinismo na Igreja da Inglaterra (Anglicana). Sempre houve, assim como os batistas, calvinistas e arminianos no anglicanismo. Ryle em seu tratado chamado Eleição expõe a eleição incondicional de uma forma branda e explicando o que é eleição incondicional (Ryle não acrescentou o "incondicionalmente". Mas quase nenhum calvinista acrescenta isso, pois, para eles, "eleição" implica "eleição incondicional"). O fato mais curioso é que Ryle escreve: "Nosso dever é convidar a todos, sem nenhuma exceção. Devemos dizer 'Acorde, arrependa-se, acredite, venha a Cristo, converta-se, clame a Deus, lute para entrar pela porta estreita, venha porque tudo já foi consumado e Deus o ama. CRISTO MORREU POR VOCÊ"¹ (Ênfase minha). Percebemos claramente o corroborar  do calvinismo de 4 pontos de Ryle. Os calvinistas de 5 pontos rechaçam isso em Ryle. A parte enfatizada por mim na citação de Ryle denota que Ryle pregava e ensinava que um cristão deve pregar que Cristo morreu pela pessoa. Isso um calvinista de 5 pontos não ousa pregar, pois ele não sabe se Cristo morreu por tal pessoa. Mas Ryle enquanto que advoga a eleição incondicional, prega às pessoas que Cristo morreu por elas. Segundo os próprios calvinistas de 5 pontos, Ryle estaria negando a expiação substitutiva, a mesma acusação que fazem aos arminianos, pois se Cristo morreu por todos, então ou todos têm que ser salvos ou se houver pelo menos um não salvo, não é substitutiva. Certamente uma maravilhosa incoerência calvinista, a expiação ilimitada de muitos deles e a pregação do Evangelho a todos dizendo "Cristo morreu por você". R. C. Sproul, um notável teólogo calvinista contemporâneo, afirma que os calvinistas de 4 pontos são arminianos ao declarar: "De fato há inúmeros crentes que se declaram calvinistas de quatro pontos porque não podem assimilar a doutrina da expiação limitada. Às vezes, eles dizem: 'Não sou calvinista, não sou arminiano. Sou calminiano.' Penso que um calvinista de quatro pontos é um arminiano."² O interessante é que há indícios convincentes que Calvino não cria na expiação limitada. Será que Sproul afirmaria que Calvino era arminiano?

     Charles Spurgeon (1834-1892) foi um grande pastor e evangelista batista inglês. Sem dúvidas um grande nome da história cristã. Também ele faz parte das maravilhosas incoerências calvinistas. Spurgeon escreveu acerca de 1 Tm 2:3,4 "Vocês, muitos de vocês, conhecem bem o método geral pelo qual os nossos velhos amigos calvinistas tratam este texto. 'Todos os homens', dizem eles - 'isto é, alguns homens', se quisesse dizer alguns homens. 'Todos os homens", dizem eles; 'isto é, alguns de todos os tipos de homens', se Ele quisesse dizer isso. O Espírito Santo, por meio do apóstolo, escreveu 'todos os homens' e, inquestionavelmente, Ele quer dizer todos os homens. Sei como descartar a força do termo 'todos', segundo aquele método crítico que há algum tempo era muito corrente, mas não vejo como se pode aplicar isso aqui mantendo a devida consideração pela verdade. Há pouco estive lendo a exposição de um habilidoso doutor que explica o texto acabando com ele; ele aplica pólvora gramatical ao texto, e o faz explodir a título de explicá-lo. Quando li a sua exposição, pensei que teria sido um comentário de capital importância se o texto dissesse: 'Que não quer que todos os homens se salvem, nem que cheguem ao conhecimento da verdade'. Se essa fosse a linguagem inspirada, todas as observações feitas pelo ilustre doutor ser-lhe-iam exatamente fieis, mas como acontece que ela diz, 'Que deseja que todos os homens sejam salvos', as suas observações estão mais de que um pouco fora de lugar."³ Spurgeon claramente nega a explicação de muitos calvinistas quanto a 1Tm 2:3,4. Ele critica veementemente que "todos os homens" significa "alguns homens", como se o Espírito Santo, que inspirou as Sagradas Escrituras, não quisesse escrever "todos os homens" mesmo. Se O Espírito Santo quisesse "alguns homens", segundo o próprio Spurgeon, certamente inspiraria no texto sagrado "alguns homens" ao invés de "todos os homens". Spurgeon até critica um doutor que explana essa passagem de forma excepcional, mas seria excepcional de fato, repito, segundo o próprio Spurgeon, se o texto apontasse que Deus não quer que todos sejam salvos e não cheguem ao conhecimento da verdade. Porém a passagem escriturística aponta justamente o contrário, que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.

     Essas são algumas maravilhosas incoerências da teologia calvinista evidenciadas nas declarações dos calvinistas J. C. Ryle e Charles Spurgeon. Que sempre existam mais incoerências como essas, pois, se o calvinismo for levado em sua máxima coerência, homens serão condenados e sofrerão eternamente porque Deus quis e é da Sua vontade que seja assim!

    Graça e Paz!

¹http://www.projetoryle.com.br/wp-content/uploads/2013/10/ebook_eleicao_jcryle.pdf

² R. C. Sproul, A Verdade da Cruz. Fiel. 2011. p.124

³ Iain Murray, Spurgeon versus Hipercalvinismo. PES. 2006. p. 171,172